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Selic mais perto de zero


A taxa básica de juros em 2% ao ano aproxima o Brasil de índices semelhantes ao de economias maduras. Só falta o custo menor do dinheiro chegar ao consumidor.
Dois por cento. Em um Brasil acostumado a juros oficiais mais altos do mundo durante décadas, a Selic nesse patamar é um fato inédito. Na quarta-feira (5), o Comitê de Política Econômica do Banco Central (Copom) renovou o recorde de baixa ao cortar em 0,25 ponto percentual a taxa básica. Com isso, deixa o País mais próximo do custo zero do dinheiro, embora o custo de qualquer modalidade de empréstimo ou financiamento seja muito acima disso para o consumidor final. O Copom justificou a decisão à tentativa de reativar a atividade econômica e sinalizou que poderá fazer novos cortes. “Eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo ocorreriam com gradualismo adicional e dependerão da percepção sobre a trajetória fiscal”, informou a instituição, em nota, indicando receio com o afrouxamento da política fiscal e o estouro dos gastos públicos durante a pandemia.
Que a queda da Selic é um bom remédio para o País, ninguém duvida. A dose do estímulo, no entanto, é vista com cautela pelos economistas. Para o ex-presidente do BC, Arminio Fraga, levar a taxa básica para perto de zero pode um sinal de problemas econômicos. “Não há dogmas que impedem novos cortes da taxa, mas isso mostraria que as coisas estão muito ruins”, disse Fraga, em live promovida pelo jornal Valor.
Os economistas do BC reconhecem que há um sinal amarelo aceso no campo econômico e condicionaram a manutenção da Selic baixa à continuidade dos debates em torno das reformas necessárias para a longevidade da saúde fiscal brasileira, especialmente a tributária. “Perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia”, acrescentou a nota do Copom.
Na avaliação do coordenador de cursos de pós-graduação da Fipecafi, Estevão Alexandre Garcia, a consolidação esse novo patamar da Selic abre espaço para que o governo reduza suas despesas com o pagamento de juros da dívida e amplie investimentos em áreas essenciais para a volta do crescimento. “Sem qualquer risco de pressão inflacionária no curto e médio prazo, a Selic perto de zero cria um ambiente favorável a um plano mais ousado de investimentos, com gastos maiores e melhores”, afirmou o economista. “Resta o aumento da concorrência no sistema bancário para que essa taxa básica de juros represente custos menores para os brasileiros”, disse Garcia. Agora, é pagar – de preferência pouco – para ver.


Fonte: Isto é Dinheiro


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