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Afro Presença: último dia de evento discute sobre a importância da inclusão

Ações afirmativas e direito ao trabalho foram os assuntos que nortearam o último dia de debates do Afro Presença, evento idealizado pelo Ministério
Público do Trabalho (MPT) e realizado pelo Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas). Nesta sexta-feira, o encontro virtual que aborda a
inclusão da temática racial, social e ambiental no mercado de trabalho contou com a presença do mediador Otavio Brito, Camila Pinto, diretora do RH da
Agência África, o publicitário Alexandre de Borges, e Presidente da Comissão de Direito Empresarial do Trabalho da Ordem dos Advogados de São Paulo
(OAB/SP).
Camila iniciou a conversa contando que já atuou em empresas de diversos segmentos, mas que sua experiência é em atração de talento e performance.
Hoje, ela é uma das pessoas que executa ações para garantir mais diversidade no quadro de funcionários das empresas. Ao pensar na importância de pautar
com firmeza e veemência a inclusão racial nas agências de publicidade, a profissional afirma que contra dados não tem argumento.
"Eu acho que os dados refletem a história do Brasil, as condições da população hoje, é inadmissível ver esses dados, vendo a maior parte da população preta
ainda não sendo representada no mercado de trabalho. Eu vejo que ainda temos muito por fazer", diz.
A diretora ponta que mudar este cenário requer tempo e muito trabalho duro. Para ela, conhecer e reconhecer a situação da população negra é o primeiro
passo para implementar ações afirmativas no mercado de trabalho. Completando o debate, Alexandre Borges usa de exemplo um estudo
publicado pela Universidade Mackenzie que aponta que empresas com maior diversidade racial têm mais possibilidade de aumentar ganhos financeiros. "As
empresas são capitalistas, buscam lucro. E muitas das empresas são multinacionais, são elas que têm pautado pastas de equidade e inclusão via
suas matrizes brasileiras, então este esforço e pressão ajuda". "Percebo o impacto social de forma muito sutil. A partir do momento em que trazemos os jovens e crianças para esse conhecimento que a Camila pontuou, mudamos as coisas. É importante ler sobre escravidão. Este mínimo de conhecimento da História é fundamental para se sensibilizar, então, acho que
temos um trabalho em conjunto, de constrangimento, de convencimento, eu acho que a publicidade respondeu de forma contundente o chamado da
sociedade", diz o publicitário.
Horácio Conde apresentou a relação de seu escritório com as ações afirmativas para a inclusão racial e enalteceu o poder transformador do
acesso ao trabalho. "O direito ao trabalho é muito mais do que imaginamos.
Quando avaliamos, percebemos que o trabalho tem funções pessoais e sociais, e vemos que os seres humanos se transformaram por causa do trabalho, sem
dúvidas havia outras necessidades, mas o trabalho proporcionou a mudança", diz, ao afirmar que o trabalho é um direito essencial, que constitui a
sociedade e o ser humano. Por isso, para ele, é importante que todos tenham garantia de acesso ao mercado de trabalho.
Presença negra nos cargos de liderança
Outro tema abordado no encontro virtual foi o fato de muitas empresas ainda associarem competência à raça branca. A mesa, com mediação da jornalista e
empreendedora Cris Guterres, contou com a presença de Thais Dumêt Faria, membro da Oficial Técnica em Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho
para América Latina e Caribe (OIT) e Cintia Cristina Silva de Araújo, professora na Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e
Financeiras (FIPECAFI). Elas apontaram como grande mudança para o mundo corporativo, tratar as desigualdades de raça e de gênero como prioridade.
"Enxergar esse ser humano como digno desse direito, de ser, existir, trabalhar, viver. Por isso que dizemos que vidas negras importam. Um exemplo atual que podemos usar é que as empresas continuam associando a competência ao sujeito branco. Lembro aqui da fala da atriz Viola Davis
quando ganhou o Oscar: 'Não dá para ganhar o Oscar sem um papel pra gente'", diz Guterres.
Sobre as atitudes efetivas que podem fazer com que a população negra entre e consiga alcançar lugares de poder nos espaços de trabalho, Cintia afirma
que deve haver primeiro um esforço para conscientizar as pessoas brancas, já que a grande maioria dos cargos mais altos em uma empresa são ocupados
apenas por homens brancos. Na opinião dela, "as alianças são importantes para fazer essa ascensão [da população negra]. Se a gente ficar sempre nos
mesmos ciclos, não funciona".

Fonte* ECOA/UOL



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