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Cai número de FIIs que pagam dividendos acima do CDI com Selic a 12,25%
por Lucas Gabriel Marins
Maior taxa de retorno com proventos é do HGPO11, com 52,34% no acumulado de 12 meses, seguido pelo KORE11, com 19,82%.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou, na quarta-feira (11), a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano. Com o aumento, diminuiu o número de FIIs (fundos imobiliários) que pagam dividendos acima do CDI, importante indexador de renda fixa.
O CDI acompanha de perto a Selic e serve de referência para as aplicações de renda fixa. Ele vale sempre entre 0,1 e 0,2 ponto percentual abaixo da taxa básica de juros do Brasil. Portanto, após a última alta da Selic, o CDI foi para 12,15% ao ano.
Levantamento do InfoMoney, feito com dados da Economatica, mostra que 30 FIIs registraram dividend yield (taxa de retorno com proventos) acima do CDI nos últimos 12 meses, menos do que os 55 do mês passado. O estudo considera 114 FIIs que compõem o Ifix, o índice dos fundos mais negociados na Bolsa.
Na quinta-feira (5), o Ifix perdeu os 3 mil pontos pela 1ª vez desde maio de 2023, um movimento que refletiu a expectativa do aumento de juros e a movimentação de parte dos clientes, segundo especialistas. Na sexta-feira (6) o índice voltou a subir acima dos 3 mil, mas mesmo assim registrou a pior semana desde a pandemia da Covid-19.
FIIs que pagam dividendos acima do CDI
Entre os 30 fundos imobiliários que oferecem proventos acima do CDI, o destaque é o CSHG Prime Offices (HGPO11), FII que investe na compra de empreendimentos imobiliários comerciais prontos para locação e arrendamento, com dividend yield de 52,34%. Na sequência vêm o KineaOportunidades Real Estate (KORE11), com 19,82%, e o Gazit Malls FII (GZIT11), com 19,79%.
Veja tabela completa abaixo:
HGPO11 52,34
KORE11 19,82
GZIT11 19,79
CACR11 16,31
MFII11 15,68
AIEC11 15,60
HTMX11 14,95
RZAK11 14,60
RZAT11 14,15
HABT11 14,15
SNEL11 14,00
BCRI11 13,74
MANA11 13,51
CYCR11 13,43
ARRI11 13,08
VGIR11 12,92
SPXS11 12,89
KNHY11 12,87
PORD11 12,72
WHGR11 12,66
SNFF11 12,65
BTAL11 12,64
KNUQ11 12,53
RBRX11 12,50
CVBI11 12,46
HSAF11 12,44
TVRI11 12,39
VCJR11 12,31
XPCI11 12,27
RECR11 12,23
Efeito dos juros
Rogério Paulucci Mauad, professor de finanças da FIPECAFI, disse que a elevação da Selic tende a aumentar os rendimentos de investimentos de renda fixa, fazendo com que os FIIs precisem oferecer maior atratividade para competir. Com isso, o mercado pode pressionar os preços das cotas dos FIIs para baixo.
“FIIs de tijolo (focados em imóveis físicos, como shoppings e escritórios) ou com baixa taxa de ocupação podem sofrer desvalorização maior, pois os investidores passam a buscar retornos mais imediatos e previsíveis, típicos de ativos de renda fixa”, disse.
Ele falou também que muitos FIIs utilizam alavancagem (dívidas) para adquirir ou construir ativos. E com a Selic mais alta, os custos de financiamento aumentam, o que pode reduzir o fluxo de caixa disponível para distribuição de dividendos aos cotistas. “Isso afeta especialmente os FIIs que possuem grandes empréstimos ou dívidas atreladas à taxa Selic ou CDI”.
Na contramão dos fundos de tijolos, os FIIs de papel (aqueles que investem em CRIs e outros títulos de renda fixa ligados ao mercado imobiliário) tendem a se beneficiar em cenários de alta da Selic, segundo o especialista. “Esses fundos têm seus rendimentos diretamente atrelados ao CDI, IPCA ou outros índices de juros, resultando talvez em um possível aumento dos dividendos distribuídos”.
Fonte: INFOMONEY
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